quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Primeiras impressões

Não entendo muito o porvir. Não foi uma simples curiosidade o que me trouxe até aqui. Eu poderia, facilmente, dizer que foi a própria vida quem fez isso. Um sentimento de vazio, depressão, ansiedade,  doenças do mundo atual; sintomas claros de inadequação ao cenário que os homens construíram para si. Premissas de que a humanidade precisa enfrentar um novo despertar. 
Sempre desconfiei do espiritual, mas também fui sempre fascinado por ele. Desde a mais tenra infância, os elementos que configuram a possibilidade de um mundo para além deste, sobrenatural, mas apenas por estar um passo além do que é tradicionalmente dito natural, me foram objeto de dúvida e medo. Cauteloso, muito cedo aprendi que o mal praticado sempre retorna como um mal maior, e fui profundamente marcado por isso em minha caminhada. Sempre tratei o espiritual com cautela e discrição, tentando me equilibrar entre um ceticismo radical e um espiritualismo brando, sem, de fato, tocar profundamente um ou outro. 
Este longo tempo serviu para que pudesse quantificar o que considero como um sintoma, o de uma espécie de insuficiência. Me parece que os seres humanos tenham vivido apenas a parcialidade do quadro total. Sem enxergar adequadamente o todo, sempre acabaram por apressar suas conclusões e conduzir a história a suas encruzilhadas famosas. É destas encruzilhadas, resumidamente, que se retira o medo e toda cautela em relação ao sobrenatural. 
A existência humana é paradoxal, por isso a magia também lhe será paradoxal, não que isto lhe seja um atributo essencial desta última, mas apenas fruto da visão humana.  Se a existência humana pode ser efetivamente mágica, então quaisquer das barreiras que tenham sido impostas as estas práticas ao longo de nossa breve história, são barreiras humanas e não mágicas. 
Isso cria duas coisas, um freio e um impulso. O freio reside na lenta compreensão de todo o processo de compreensão da magia que permeia essencialmente a existência, paradoxalmente transitando entre o sim e o não, entre o tudo e o nada, o cheio e o vazio, o pleno e o corrupto. O impulso é o que torna essa experiência quase infinita em suas possibilidades, sendo isso, finalmente, a razão pela qual esses escritos são e continuarão sendo produzidos. A magia é manifestação natural da humanidade, compreendê-la é uma de suas tarefas fundamentais.  (continua)

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